31 de março de 2009

O fim último da vida não é a excelência, mas sim a felicidade!


É de uma coincidência incrível a recente publicação de um artigo de João Pereira Coutinho que chegou recentemente à minha mailbox.

Escreve João P. Coutinho que "...quanto mais temos, mais queremos. Quanto mais queremos, mais desesperamos. A meritocracia gera uma insatisfação insaciável que acabará por arrasar o mais leve traço de humanidade. O que não deixa de ser uma lástima..."

E nesse mesmo artigo é citado Michel Eyquem de Montaigne, escritor e ensaísta (28.02.1533 - 13.09.1592), referindo-se a sua citação "...o fim último da vida não é a excelência, mas sim a felicidade!".

Curiosamente há uma outra citação de Montaigne que diz que "A felicidade está em usufruir e não apenas em possuir.".

É precisamente disto que tenho andado a falar.

Já referi (ver o meu perfil) que felicidade é querer o que se tem (usufruir) e sucesso é obter o que se quer (possuir).

Quantas pessoas conhece cada um de nós que tem essa insaciável necessidade de possuir, em especial bens tangíveis, mas também bens intangíveis, como o conhecimento, sempre na procura da excelência, muitas vezes da aparente excelência!

É apenas lamentável que muitos dos "excelentes" não utilizem o seu conhecimento para fazer em vez de apenas para dizer e que muitos dos que têm apenas tenham para mostrar que têm em vez de ter para gozar e que o seu último fim seja possuir, para, logo que obtêm, partir na senda de obter... o que ainda não têm.

Este tema faz todo o sentido, em especial em tempos difíceis como os que vivemos presentemente.

Este blogue é sobre excelência, a Sua Excelência.

A grande questão que se levanta está em encontrar a verdadeira, a nossa definição de excelência.

Para mim, em palavras simples, excelência é aprender para poder fazer melhor... e fazer, ter para poder fazer mais - por nós próprios, pela família, pelos amigos, pela empresa, pela região, pelo país, pelos que não podem, pelos outros... e fazer e também retirar o máximo prazer de tudo o que se faz e apreciar muito tudo o que se tem - ou então dar aos outros.

É nesta perspectiva que aprecio e comento a excelência pessoal e empresarial, pois se nós ou a empresa fizermos mais e melhor e gastarmos menos tempo a fazê-lo, teremos mais tempo para encontrar o nosso equilíbrio - cada um à sua maneira - e ser assim mais felizes.

É isso, "...o fim último da vida não é a excelência, mas sim a felicidade", só temos que encontrar uma forma, a nossa forma de tornar a excelência num meio para atingir a felicidade.

Não devemos também utilizar a felicidade como uma desculpa para evitar a excelência.

Imaginem só: ser EXCELENTE e FELIZ. Que melhor?

2 comentários:

Gelo disse...

Muito bem exposto!
Se bem que a transcendência humana, por vezes, necessite de alguns sacrifícios, uns voluntários, outros nem tanto. É essa insatisfação insaciável que nos empurra para caminhos nunca antes navegados.
De qualquer forma, não contem comimgo para esses sacrifícios, quanto mais não seja porque enjôo :)

Fatima Brandeiro disse...

Excelente reflexão Daniel!!!! Pessoalmente, felicidade é excelência, na condição de não passar pela infelicidade alheia....